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De terça, dia 10 de maio, para quarta, dia 11, acordei umas 5h com gritos vindos da rua. H. já estava abrindo a veneziana, passava uma viatura policial bem devagar, depois ouvi cavalos, não havia de ser boa notícia no centro de São Paulo.

Aqui, sempre soubemos, é uma artéria elétrica. Minha avó já andava por essas bandas, era enfermeira da Santa Casa, lá pelos anos 20, onde cuidava dos bebês deixados na “roda” pelas mães que não poderiam criá-los. A cidade sempre foi dura, desigual, com o estado funcionando para as elites, com pobre e preto sendo tratado como bandido. Mais do mesmo, mas ainda, em 2022, um século depois desse cotidiano migrante de minha avó, é a mesma regra que opera, com alguns suspiros e possibilidades, onde insistimos em viver.

Estamos em um prédio, sem recuo, a três quarteirões do fluxo, da cracolândia, da praça princesa Isabel.

A cavalaria estacionou em uma das esquinas. Os cavalos usam face shield; a polícia se preocupa com o bem estar animal na hora que joga bomba de gás lacrimogênio na população civil. Vi um dos policiais bocejarem, acho que ele não estava achando a operação Caronte tão animada assim, ou, na verdade, aquilo era apenas o esquentar dos tambores.

Voltei a dormir.

No sonho, as ruas desse cruzamento do lado de fora da janela estavam bloqueadas pelos policiais, com barricadas já pegando fogo. Essa encruzilhada é território de outros sonhos assustadores. Lembrei daquele, dias antes de Bolsonaro ser eleito, em que saía sozinha de uma reunião de mulheres na casa de uma amiga-vizinha, moradora da Barão de Campinas, e percebia que a cidade estava sitiada pelos policiais-carabineros chilenos. Tudo estava vazio, como se os moradores tivessem fugido. Coisas largadas pelo chão, coisas destruídas, ouço helicópteros. Eu só queria chegar em casa, na curva da rua. Vejo o muro da esquina da frente se transformar em um grande galpão, com janelas quase à altura do asfalto. Em estado de vigília, esse muro pertence a uma empresa de rolamentos e está grafitado em preto e branco com cenas antigas da cidade de São Paulo. É o mesmo muro onde a cavalaria parou. No sonho, as pessoas em situação de rua e o povo da cracolândia estão lá dentro. Os carabineros se aproximam das janelas e miram suas metralhadoras para dentro. Logo começam a soltar fogo. O horror. Acordo em pânico. Há muitas cenas dessa cidade que atualizam esse pesadelo.

Horas mais tarde, somos acordados pelos helicópteros sobrevoando baixo e a notícia de que estava tendo operação na craco. Apesar do barulho, nosso cotidiano segue, em um híbrido pós-ainda-pandêmico. Nós nos adaptamos. Por hora, não somos alvos diretos dos porretes. Temos trabalho, temos casa, estamos aderidos aos protocolos gerais civilizatórios. Fim do dia, já é noite, volto a pé com minha filha de oito anos, retornando da escola. Os helicópteros seguem, agora iluminados, com grandes holofotes que podem ser direcionados para as vias. Trabalhadores, famílias e estudantes do entorno da Barra Funda, todos olham para o céu e muitos tiram fotos do show. Para esta operação foram chamados 650 policiais militares, metropolitanos e civis. Muitas caminhonetes SUV, motos e, não esqueçam: cavalos. Quando nos aproximamos da entrada do prédio, vejo uma viatura parada no meio da rua, com suas luzes vermelhas ligadas, girando. Eu só queria chegar em casa com a criança, logo e a salvo. Abri a visão para em poucos segundos entender se era possível cruzar a rua e falei para ela: “- Quando chegar na entrada do prédio, vamos entrar o mais rápido possível porque tem polícia na rua.” Assim que chegou em casa, ela quis ir para varanda, onde se postou em um banco alto para assistir na rua a ‘tv realidade’, como ela chama essa nossa vista. Fui agilizar o cotidiano, minha meta é que ela fosse dormir o quanto antes para que eu não precisasse impedi-la de ir pra varanda, mas também evitasse que ela visse alguma cena truculenta desse encontro do policial uniformizado, bem alimentado, armado e autorizado versus um ser humano muito magro, sujo, mal nutrido, na sua fissura ou alegria rápida do craque. Eu saio para varanda ver se a ‘tv realidade’ não estava demais. Pergunto para minha filha: “- E aí? Como estão as coisas?”. Ela me diz: “- Tudo igual, só mudança e marmita!” O povo do fluxo caminha sempre com uma sacola, que pode ser um saco de lixo, alguma mochila, uma bolsa, um pano que funciona como trouxa, uma mala de rodinha, qualquer coisa que possa guardar outras. As marmitas estavam sendo distribuídas, então eles pegavam a marmita e dispersavam. A criança está acostumada a ver o povo da rua que vaga solitário pelos Campos Elíseos, Barra Funda, República e Santa Cecília, catando latinhas, revirando os lixos, caminhando com esparsos pertences, rasgados e provisórios, falando sozinho, rememorando, reclamando, cantando, sempre pelo meio fio, a calçada não é deles. Eles desviam das pessoas, não querem ser vistos, eles não se enfurecem com o cachorro do cortiço, que sempre avança e late quando passam, estão em outra dimensão e não querem provar que seriam dignos de não serem mordidos.

Por volta das 23h, a criança já dormia. Da sala, ouço barulho de multidão chegando perto, como quando estamos perto de um estádio de futebol em dia de jogo importante, aquela massa de som se deslocando pelo ar. Vou pra varanda. Vejo chegando grupos do fluxo, caminham rápido e entram na Helvetia. Estacionam no fim do quarteirão, antes do cruzamento por baixo do Minhocão, entre as muralhas da Enel, depois da Igreja Presbiteriana. As pessoas costumam chamar esse lugar de ‘ponto morto’, não tem comércio, não tem entrada de prédios ou casas, apenas muros altos. Antes desta semana, lá já funcionava uma mini-craco na calçada; umas 3 barracas, com uns 10 usuários. Quando passávamos de bike na ciclovia com a criança, eles gritavam ‘anjo subindo’ ou ‘anjo descendo’. Esse era o aviso para que baixassem os cachimbos, como um cuidado para criança. À noite ficava com mais movimento, muita gente chegava ali com seus carrinhos de supermercado ou carroças de reciclados. Víamos a brasinha dos cachimbos se acendendo lá pro outro lado do quarteirão, a uns 70 metros do nosso prédio. Depois vinha um caminhão que, creio, comprava esses materiais. Agora, ali da varanda, já contei umas 200-300 pessoas passando, fora as que já chegaram- elétricos, os ânimos estão tensos. H. está prestes a chegar em casa do trabalho, eu tento avisá-lo que a rua está intransitável, não dá pra passar com carro, a via já está obstruída e a galera está enfurecida, nessas horas, todo mundo é inimigo.

Não é uma surpresa ou choque total isso que estamos vivendo, mas quem sabe, do alto de meus privilégios, tenha me sentido mais imune do que de fato somos. É andar pelos quarteirões de nosso entorno para ver grandes prédios de apartamentos pequenos e modernosos sendo construídos, onde antes eram moradias simples, cortiços ou imóveis com suas papeladas encrencadas ao longo dos séculos. Nas placas de divulgação dos novos empreendimentos, o público-alvo é chamado na chincha: “grande oportunidade para investidores!” Porque não dá pra achar que é uma boa oportunidade de moradia para uma família viver em 20m2. São quarteirões inteiros sendo demolidos. Curiosamente, no intervalo entre os moradores serem expulsos e um novo, grande e moderno empreendimento aparecer em seu lugar, temos uma estadia do povo do fluxo que é empurrado para esses espaços. A miséria deles facilita interesses que não tem nada a ver com eles. Nessa quarta, dia 11 de maio, o fluxo foi violentamente expulsos da Praça Princesa Isabel pela polícia para que o entorno do novo Hospital Pérola Byington saia bonito na foto e fique livre dessa população.

Na quinta feira, os moradores começaram a se falar. Muitos grupos de whatsapp e telegram foram criados. O que se lê nesses grupos é muito variado, material bom para alguma análise das mentalidades dos brasileiros. Nos grupos maiores, é comum que os moradores adotem o discurso de que ‘trabalho, pago meu imposto’ etc e por isso a craco não pode ficar na minha porta. Muito rapidamente tomam o fluxo como o inimigo. Perdemos a oportunidade de juntar dependentes químicos com moradores como duas populações que estão sendo atropeladas em todos seus direitos pelos acordões entre prefeitura, governo do estado, incorporadoras e tráfico. Muitas pessoas que moram de aluguel estão se organizando para sair do imóvel. Um comerciante que tinha sua oficina na rua há 30 anos, decidiu deslocar o negócio para outro lugar. A dona da pequena lanchonete Palmares que costumava vender umas 30 refeições por dia, passou a vender zero. As ruas do entorno, com total falta de policiamento, se tornaram mais inseguras e passamos a ouvir muitos relatos de assalto. Ao mesmo tempo, nos grupos menores, começa a se desenvolver um espírito de comunidade nunca antes imaginado. Muita troca de informação sobre os deslocamentos do fluxo e da polícia, ideias sobre o que é possível fazer. A vizinhança começa a combinar de fazer ligações em massa para a polícia, para a limpeza urbana e para o inbox dos delegados e subprefeitos da região. O advogado da igreja está mobilizado. As emissoras televisivas foram acionadas. As versões e discursos são muitos.

Na quinta à noite, a polícia, empunhando seus cassetetes e estufando seus peitos, estava na esquina novamente, impedindo que qualquer pessoa do fluxo entrasse na Barão de Campinas. Ela havia matado um habitante da craco e a galera estava com sangue nos olhos. A polícia estava bem orientada sobre em que rua encurralaria as pessoas, ela sabe como bloquear e conduzir multidões, seus atos não são aleatórios. Ao que tudo indica, o plano desta presente operação já estava traçado desde fevereiro, mas, claro, a população civil não foi informada. Fico pensando se algumas empresas de nosso entorno obtiveram informação privilegiada porque há poucas semanas colocaram seguranças particulares sob um guarda-sol na entrada de seus negócios. Também lembrei que deve ter sido em fevereiro que retiraram a base comunitária móvel da PM da esquina da Helvétia com a Barão de Limeira, a um quarteirão daqui.

Na sexta pela manhã, olhamos pela janela e entendemos: nossa rua virou o novo ponto da cracolândia. Depois que ele se instala, não precisa mais de polícia para manter as pessoas juntas. A dinâmica do fluxo rapidamente se instala, um pano no chão para organizar toda sorte de bugiganga, carrinhos com material reciclado, cobertores. Da minha janela, vi dois homens que se reencontraram, se reconheceram e se abraçaram longamente. Vi também cenas de ajuda mútua, loucura, raiva, caixas de som ruidosas noite adentro, gritos, arrastar de coisas e montanhas de lixo. Da janela rapidamente identificamos quem é quem, sem nenhum treinamento de inteligência. Eu vi um casal de velhinhos, eles deveriam ter mais de 70 anos, a mulher estava dentro de um carrinho de supermercado e o homem a empurrava. E tem gente que diz que estar no fluxo é ‘escolha’. Durante a tarde, eu e H. estávamos tentando trabalhar em casa, mas era difícil. A todo momento a rua nos convocava. Decidimos rápido e sem muita discussão que levaríamos nossa filha para casa da avó depois da escola.

Conforme a noite de sexta avançou, também avançou o fluxo para frente das entradas dos prédios residenciais e da igreja. Embaixo das janelas de nossa vizinha do térreo, o pessoal fumava craque. Eu não saberia descrever o cheiro que subiu para o apartamento, a princípio parecia de cigarro, mas era mais impregnante, químico, junto com urina, fezes. Tarde da noite vemos carros luxuosos parar na esquina e, logo, alguém bem vestido entrar na Helvetia, no meio do fluxo, a elite também consome craque e eles sabem exatamente onde podem fazer sua compra.

No sábado, fomos encontrar nossa filha e fazer um programa na cidade com ela, estávamos preocupados de que ela não sentisse tanto o corte abrupto do cotidiano que estávamos vivendo. Era estranho sair de casa, da nossa rua e imediações bem próximas e ver que a cidade estava totalmente ‘normal’, vias liberadas, a sujeira habitual, mas não excessiva, o cheiro apenas de poluição, a alegria do fim de semana da classe média. Eu estava totalmente alheia. Fim do dia, ela voltou pra casa da avó e nós para Helvetia.

A craco também é uma balada, muita caixa de som. Mas a festa vai virando alguma outra coisa em fração de segundos. Nós fechamos a janela para evitar que o cheiro e o som entrasse. Comecei a ouvir um barulho alto, surdo, ritmado, que fazia vibrar os vidros. Durou tempo o suficiente para que eu abrisse os vidros e fosse para varanda: dois metros para baixo, bem na nossa esquina um homem sem camisa estava cortando a árvore com um facão. Ele estava obstinado, cravava o facão no tronco com toda força, sem intervalo. Fiquei ali assistindo, sentindo os golpes. H. quis descer, “loucura” eu disse, o homem estava tomado. Todo o tronco foi marretado e sua copa ficou pendurada nos fios de internet. A vizinhança disse que ele queria pegar os fios de cobre. Na falta de melhores explicações, o fio de cobre vira o centro de muitos boatos pelos grupos, como aquele que ocorreu na segunda-feira, dia 16 de maio, quando a polícia voltou a aparecer e moveu toda a craco para rua Frederico Steidel, cruzando a São João. Correu nos grupos de zap uma versão de que as pessoas foram movidas e iriam ficar na Steidel porque na Helvetia eles roubariam os fios da Enel e eles eram realmente muito caros.

Domingo de manhã, dia 15 de maio, aparece a caminhonete de uma igreja, que instala um carro de som e celebra o culto para o fluxo no último volume, todo pessoal dessa igreja usa um coletinho laranja. Mais do que a promessa do paraíso ou do perdão, o que o fluxo ganha mesmo no final de cada culto é uma boa marmita de comida. São muitas igrejas que fazem a mesma coisa. Acredito que muita gente também fica no fluxo para poder garantir uma refeição no dia. Olhando a rua, conto rápido umas 1500 pessoas. No meio delas, montanhas de lixo e marmitas vazias. O caminhão do lixo não está mais entrando, nem nenhum outro veículo. Um vizinho está na saída do prédio com uma mangueira, lavando a calçada e a ciclovia, tentando manter uma área mínima de entrada e saída do prédio. O pessoal do fluxo começa a chegar perto e pedir água. Eles não têm água para beber. O vizinho segue seu ato entre lavar o chão e dar água para as pessoas beberem e lavar o rosto. De vez em quando vemos pessoas, que certamente não pertencem ao fluxo, entrar nele, devem ser familiares em busca de parentes perdidos, vemos seus olhos desesperados. Agora chegou uma van do SUS, a equipe de enfermeiros vai chamando o povo da craco e oferece vacina contra influenza. Algumas pessoas vão até lá, arregaçam a manga, tomam vacina e levam um pedacinho de papel de comprovante. Por um instante, eu penso se não vou lá também ser vacinada para aproveitar, mas acabo desistindo, pois estávamos nos preparando para sair do apartamento e ficar uma semana na casa de uma amiga querida que nos emprestou sua morada, enquanto viajava.

Antes de sairmos de casa, ainda vimos chegar na rua, vindos da Praça Julio Prestes, a manifestação denunciando as agressões e violência contra as populações em situação vulnerável da região da Luz. Nessa mesma praça, um pouco mais cedo foi marcada uma apresentação do canil da GCM; uma programação para “curtir com a família”, segundo o flyer de divulgação. Uma comerciante da região, ameaçada por um grupo nervoso de usuários, relatou em um grupo de zap: “Liguei na polícia, eles pediram pra ligar na prefeitura, liguei na prefeitura, pediram pra ligar na GCM, liguei na GCM, pediram pra ligar pra polícia”. Lembrei daquela brincadeira de criança ‘batata quente’.

Nesses dias em que vivi na mesma rua da craco, pude ver a confirmação do que já líamos por aí sobre a complexidade do fenômeno: é caso de saúde pública, é caso de desigualdade social, é caso de assistência social, é caso de falta de moradia popular, é caso de especulação imobiliária, é caso de racismo.

embalo os dias com Eliane Radique, Islas Resonantes, apresentada a mim pelos algoritmos do youtube, enquanto busco os sons/ambientes/ruídos próprios para trabalhar com texto, manter a concentração… mas são tempos intensos, muito acontecimento, informação, corpos e afetos, vidas que querem se encerrar e vidas em plena fertilidade exponencial- estamos instalados no meio disso, cuidando do fio ora fino, quase imperceptível e ora uma enxurrada na casa, na cidade, no mundo, atravessamos o oceano… estamos agora entre São Paulo e Madrid, com as paisagens marítimas e da mata atlântica instaladas, corpo índio, corpo caiçara, corpo quilombola, corpo urbano: respiramos na rua do crack, um buraco negro tão preciso em seu pedido de reparação, reparação de todo abuso repetitivo das colonizações, sobreposições, repulsa pela vida que não obedece às linhas inventadas no delírio identitário.

Os zumbis se arrastando ou gritando em louca incorporação pelas ruas são nossos aliados. O corpo paga um preço alto, mas não adere, não se submete. São arredios em sua descomunal força de não se dobrar. Inesperados pontos que se juntam: os craqueiros, os bebês, os pós-gêneros, os jovens negros, as mulheres… Uma língua política que não faz sentido e isso nos dói tanto pensar. Mas a vida não pensa e ela em nós sustenta tramas-nano extra- corpórea, caldeirão em meio ao fim do mundo, outros mundos.

preparamos o corpo para gritar

desencouraçamos

esfarelamos

nos tornamos flexíveis e fortes

para deixar a vida passar

deixar os ancestrais e forças seguirem

seus milenares embates

em nossos corpos

numa língua confusa

até conseguirmos dançar junto

compor com uma nova onda

outro orixá

 

energia eólica

eu sopro

dentro da garrafa

uma palavra

que se lê

com calma

saturação do português

sua mansidão acumulando-se pelas dobras do corpo

excedendo-se em um peso que é aquele do costume.

Engolindo-me em seus sentidos corriqueiros

enfastiando-me já no pensamento

a poeira é a obra

de um pássaro

lembro-me que era devagar

cuidadoso por onde pousava

organizando-se para estar

o maior tempo possível

em vôo

o cheiro das pedras quente do sol

secura porosa

carmins

cinzas

brancos

difusos cortes

recortes

furos

mar

unhas na pedra

som

surdo                                                         de longe

ancestral, o osso escuta

um estado pedra

num canto do mundo

(praia de Camboinhas, Niterói- 2007)

.

urbanidades

Um texto com o barulho do helicóptero

consideramos as distrações

os ruídos

eles são também persistentes

repetem-se